segunda-feira, 1 de abril de 2013

Rosa Maria IV

O dia do casamento de Gracinha estava se aproximando. Dona Teresa era quem estava fazendo o vestido da noiva. Era prima de nosso pai e não cansava de repetir o quanto ele ficaria feliz em ver sua pequena desenhada em pano branco. Era sinal de pureza, de moça de família. Graça estava bonita mesmo. Ela ia se casar com mangas longas, uma leve transparência na altura dos ombros que descia como água de cachoeira pelas suas costas. Uma carreira de  pequenas pérolas fazia o arremate. A frente era puramente alva, da cabeça aos pés. Minha irma tinha o cabelo levemente preso, um cabelo negro como a noite e com o brilho da lua mais cheia. De enfeite um pequeno cravo vermelho escuro como prova de seu amor e admiração por Nazareno. Ela pensava em todos os detalhes. 
Eu vi minha irmã ali, pronta e pensei no quanto eu sentiria a falta da minha menina. Agora que iria se tornar Senhora, parecia que mais um pedaço de mim se perderia no mundo. Não queria que ela perdesse a ingenuidade que carregava e certamente o casamento iria fazê-la acordar do conto de fadas e ver a vida como era. Mas ela estava radiante! Não parava de rodopiar com o esboço que Dona Teresa fazia. Me olhava e dizia: "Rosa, vai ser o dia mais feliz da minha vida". Diante daquele sorriso eu não havia de discordar. 

Antes de eu me tornar crente nas ações e menos fascinada pelas promessas eu gostei de alguém. Eu gostei de alguém. Nem parece verdade, isso faz tanto tempo. Esse clima de romance tem me feito pensar um pouco. No que eu já vi, já fiz, mas principalmente no que eu ainda tenho a minha espera. Algumas vezes penso se deixarei algum legado na terra. Ou se serei somente a tia de alguma criança. E quando eu morrer, nada de mim restará. Isso é até triste. 
Lembro minha mãe nos dizendo que a vida só tem verdade se a gente se permite amar. Ela dizia mais tarde que nunca havia amado meu pai, e que os dois se casaram por pura conveniência. 

Acho que não existe uma regra. Tem quem ache sua cara metade e tem quem fique por aí, como eu, se divertindo. E eu me divirto como poucos, ou melhor, como poucas. Aqui na minha terra nenhuma mulher sabe tanto da vida como eu. Acho que elas nunca sonharam com coisas que eu já cansei de fazer. Por isso tenho dó da Graça, com tanta coisa para se viver ela vai dormir e acordar ao lado daquele troço?




2 comentários:

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    1. Guria!!! muito obrigada!! Desculpe a demora na resposta. Realmente nao havia mais postado. My fault!!! Pode deixar, vou olhar o teu!!! o nome ja me agrada. como diz uma das minhas personagens: " se um bom batom vermelho ajudar, que se use e abuse dele!!!! xx, Joana

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